Monday, January 2, 2017

Terapia metafórica: "Caçando vultos" (parte 10)

Apresentação da paciente:
A paciente me procurou depois de algumas sessões frustrantes com EMDR clássico. Ela pareceu muito confusa e aflita em relação à sua vida profissional. Ela se sentia culpada por achar que estava desobedecendo a vontade de Deus de ser missionária. Ela sentia muito medo do diabo e relatou que fez parte de uma seita religiosa. A paciente contou que estava muito ligada ao seu pai que fazia tudo o que ela pedia. Ela sempre convivia com gente muito pobre, se sentindo culpada por ter mais condições. Ela se sentia obrigada de ajudar pessoas com problemas, sempre querendo pagar. A paciente se queixou de enxaquecas frequentes.

Ilustração: Filipe E. da Silva

Décima sessão 
Ainda processando o seu relacionamento com D., a paciente vê Hercules descendo com asas e flechas. Ela transforma num animal selvagem e se esconde. Ela sai do seu buraco no chão, toda suja. Ela transforma numa criança e se esconde na casa da mãe de D. Ela se sente presa. D. é um vulto, abraçando a criança. Ela está correndo. Hercules volta. Ela grita: "Eu não quero!“ D. está a caçando em forma de vulto. A paciente se vê como criança, vindo e indo. Ela experimenta muitos sentimentos. Ela pula nos ombros de Hercules. Flechas estão passando pelo vulto. A paciente se sente impotente. "Você acha que vai se livrar de mim tão fácil?“ A paciente pede ajuda divina. Está escuro. Ela está se sentindo medrosa, sozinha e presa num buraco escuro. Está muito escuro e vultos estão a tocando numa casa. É penumbra. Ela deita desistindo. Alguma coisa está asoprando e clareando a penumbra. A fumaça desaparece. Ela abre o portão da casa da mãe de D. Ela o engole aparecendo como vulto. Ela o prende dentro dela, segurando a respiração. Hercules o coloca num vidro e fecha o vidro. Ela quase morre junto com ele. Ela é toda preta. Ela explode o vidro, uma energia preta saindo dela. Ela transforma numa criança. A energia preta trata mal a família dele. A criança é inocente. A preta está destruindo tudo e a criança a segue. A criança e a preta estão brincando. A preta constroi um trono. Ele está fazendo graçinhas com a criança. A cena é muito estranha. A criança entra a sua boca. Ele espirra e muitas meninas saem. O monstro transforma num bebê. Eles levam o bebê para alguém. Uma mulher aparece, pega o bebê e o amamenta. Tem mais menininhas. "Vocês não vão crescer!“ De repente tem uma parte branca e preta. Duas partes se afastando. A criança as aperta e elas se tornam beige. A criança tenta desesperadamente uní-las. Ela as une com raiva. Elas estão lutando. Finalmente a criança está caminhando ao lado da beige e pega na mão da preta. Elas se beijam e caminham juntas.

Na semana que vem vou concluir a "novelinha terapêutica" com a décima primeira sessão da paciente! Parabéns pela paciência em acompanhar todas as sessões!