Sunday, February 12, 2017

Nada se cria, nada se perde ...

Introdução:
Faz anos que vejo os meus pacientes lutando com as questões existenciais da vida. A maioria da população vive no "automático". Trabalho, casa, trabalho, casa, lidando com os filho, o cônjuge, os parentes, festas, juntar dinheiro, comprar casa, comprar casa na praia, fazer inveja para os vizinhos ... sem um pensamento sobre o sentido da vida e as questões existenciais. Para onde vamos, de onde viemos, por que estamos aqui? Até que algo nos tira do "automático".


A desgraça nos tira do "automático":
Quando algo interrompe as nossas rotinas, paramos para pensar sobre a nossa vida. Nós nos questionamos se tudo faz sentido, se realmente nós queremos viver a vida dessa forma e nos perguntamos sobre a nossa finitude. No "automático" vivemos como se fosse para sempre, como se a morte não existisse. Doença e perdas de entes queridos quebram a redoma de invulnerabilidade que nos cercou até então: a ilusão que a desgraça só acontece com os outros. Nós nos vemos forçados a pensar sobre a nossa finitude. A morte assusta, é algo desconhecido. Até pessoas religiosas, que tem uma esperança de continuação, tem dificuldade de soltar os seus entes queridos na beira da morte. A vida tem fim ou simplesmente passamos por uma transformação quando chega a morte? Pelas leis da termodinâmica nada se cria e nada se perde, mas tudo se transforma.

Conclusão:
Acredito que a morte é transformação. Perdemos os corpos físicos, mas não perdemos a experiência. Não perdemos os relacionamentos que nós formamos. As experiências continuam vivos, guardados no coração daqueles que sobrevivem. Nós sobrevivemos na lembrança daqueles que foram tocados por nossas vidas. As pessoas que desencarnaram continuam vivos através das lembranças dentro do nosso inconsciente. Eles desencarnam e vem "morar" conosco. Através das memórias ninguém que marcou a nossa vida está perdido, mas guardado dentro dos nossos corações.