Introdução:
Apresentação da paciente:
A paciente se queixou de vários medos, especialmente o medo de perder o seu marido e familiares, acompanhados por pesadelos e angústia diária. Marcante era o seu medo de desgraças apesar de nunca ter sofrida com tragédias fortes na sua vida pessoal. Ela relatou que a sua mãe sofreu com uma desgraça familiar muito impactante perdendo o seu irmão por assassinato, esperando vários dias até que o corpo do irmão foi encontrado. Quando a paciente focou no sofrimento da mãe, ela sentiu uma tristeza e impotência enorme vindo da mãe.
Trauma transgeracional |
Transcrição da sessão:
A paciente visualiza a mãe muito nervosa e angustiada na casa dos avós. É a mesma angústia que a paciente sente. A mãe está tentando tomar conta da casa escondendo a sua angústia. A paciente sente a mãe muito amarrada. A mãe quis ir junto procurar o irmão. Ela sente dor de estômago e muita angústia. A mãe está interrogando o seu outro irmão para tentar entender o que aconteceu. As buscas não tiveram resultado. A paciente sente a mãe triste, cansada e perdida. Ela perdeu a esperança que iriam achar o irmão. A mãe olha para a cara sofrida do seu pai. É a mesma cara que os pais da paciente fazem nas despedidas. Assim como a mãe ficou impotente na época, a paciente ficou impotente na época que morava na casa da tia quando era criança. Ela visualiza o vô sentado e a mãe em volta dele. Ele ficou doente e a mãe se sentiu impotente, ficando por perto e fazendo o que podia. Ela sente insegurança e medo. A paciente chora lembrando do medo que a sua mãe sentia depois da morte do seu pai. A mãe temia que a sua mãe não iria suportar mais uma perda. A paciente vê a mãe confusa, triste e perdida e lembra dos seus pais com cara de dó nas despedidas. Por medo que a dor vai sobrecarregar a mãe, a mãe da paciente quer colocar a sua mãe numa redoma de vidro para que nada aconteça. A mãe se sente angustiada e tem muito medo de perder a sua mãe. A mãe olha para vó de cara triste e se sente impotente. A mãe queria tirar as dores da mãe, mas não pode. A mãe tem muito medo do dia de amanhã. Ela está insegura e perdida, com medo daquilo que vem. A paciente conhece bem esse sentimento e se sente em conflito. De repente tudo parece mais distante. Tempo passa. A vó foi morar em outra cidade e passa de vez enquanto um mês na casa da mãe. As despedidas são dolorosas, mas a mãe sabe que a vó precisa passar tempo na casa dos outros irmãos e tenta aceitar. A mãe sofre quieta em silêncio para não fazer a vó sofrer. A mãe se sente triste e angustiada depois da saída da vó. Ela sente dor de barriga. A mãe se sente triste e impotente, com medo do futuro. De repente encerra um ciclo. Ainda tem angústia, medo e tristeza. O olhar da mãe é triste. A vó era triste. A paciente se sente impotente, triste e amarrada, com medo do futuro. Angústia da espera. Olhando para mãe o estômago dói. Ainda tem tristeza e angústia. As sensações ficam cada vez mais leve e perdem o poder sobre a paciente.
Conclusão:
A paciente conseguiu trabalhar a angústia da mãe que estava misturada com a sua angústia que ela sentia nas despedidas voltando para a casa da tia Acessando a dor da mãe, a dor é processada e perde o poder sobre a paciente.