Thursday, December 15, 2016

Terapia metafórica: "Caçando vultos" (parte 7)

Apresentação da paciente:
A paciente me procurou depois de algumas sessões frustrantes com EMDR clássico. Ela pareceu muito confusa e aflita em relação à sua vida profissional. Ela se sentia culpada por achar que estava desobedecendo a vontade de Deus de ser missionária. Ela sentia muito medo do diabo e relatou que fez parte de uma seita religiosa. A paciente contou que estava muito ligada ao seu pai que fazia tudo o que ela pedia. Ela sempre convivia com gente muito pobre, se sentindo culpada por ter mais condições. Ela se sentia obrigada de ajudar pessoas com problemas, sempre querendo pagar. A paciente se queixou de enxaquecas frequentes.

Ilustração: Filipe E. da Silva
Setima sessão
Nós retornamos mais uma vez para a quarta casa para ver se está limpa. A paciente se vê como moça adolescente em pé fora da casa. Ela entra no terreno e encontra um pula-pula no jardim. O urso pula junto com ela. Uma mão pega ela. Ela voa no ar. A cozinha está limpa. As outras peças da casa estão cheias de vermes. Ela entra e chama o urso que traz um extinctor. Os vermes estão quebrando. O quarto da mãe está cheio de vermes que estão quebrando. O urso está feliz. O guarda-roupa também está cheio de vermes. Ela pede a Deus jogar água benta para prevenir a volta dos vermes. Ela deixa a casa para trás. Seu irmão morava lá. Deus quebra a casa com a sua mão. Um pitbull está brincando com ela. Ele foi sacrificado. Ela está na piscina, brincando com ele. Seus avós estão com ela. A paciente se sente bem. Ela monta um cavalo branco e se despede da casa. Seus avós estão na casa. Ela pede para Deus proteger a casa. A paciente chega numa favela e vê pessoas enterradas em areia movediça enquanto está passando de cavalo. Ela se vê afundando na areia movediça junto com eles. Uma mão a puxa e dá um tapa no cavalo para galopar. Um menino monta com ela no mesmo cavalo. Ele a leva para o seu apartamento e a coloca no chão. A paciente vê um vulto grande em cima dela dizendo que o apartamento é dele. Ela vai para o quarto e acha os pais trancados. Ela cresce na forma de uma mulher e engole o vulto. Ela acha outro vulto no banheiro e o engole também. Ela tenta sufocar o  vulto dentro dela, tentando proteger os pais no quarto. Ela absorve o vulto dentro dela e engole mais uns vultos pequenos. Ela senta em frente do computador ouvindo uma música que ela ouviu muito nesse apartamento. Ela lembra do tempo que ela começou frequentar a igreja junto com os seus pais. Ela se sente bem, sentada na mesa de jantar, ouvindo a música.

Interpretação:
A paciente encontra paz com Deus e seus pais. Voltando mentalmente para as suas moradias antigas, ela se livra de memórias desagradáveis. Deus e outras forças sobrenaturais se tornam aliados na sua faxina emocional. Ela está mais forte e tem recursos para lutar contra as forças malignas.

Na semana que vem vou lançar a oitava sessão da paciente!