Introdução:
A paciente me procurou em função da somatização dos seus conflitos emocionais. Constipação, dores e cabeça, dificuldade para dormir e problemas respiratórios resistentes à medicação eram indicadores de problemas emocionais. No início das sessões a paciente se queixou de forma recorrente do seu marido e dos seus gastos excessivos. Ficou claro que essas queixas eram a ponta do iceberg de questões mais profundas.
Primeira sessão de EMDR-J:
Pedi para a paciente focar na sua casa da infância enquanto apliquei uma estimulação bilateral visual para trabalhar as cenas que ficaram guardadas no seu inconsciente.
A paciente visualiza crianças que moravam na sua rua. A sua babá a levou para ver girinos no lago. O seu irmão gostava de girinos. O seu pai viajava muito. A empregada passava roupa de noite. A paciente lembra do ditado "São Pedro passa ferro". Ela tinha medo de trovoada e se vê pequena embaixo da mesa. Todos estão juntos. Eles brincaram de caverna. O cachorro comeu as galinhas e a mãe fez galinhada.
A paciente visualiza crianças que moravam na sua rua. A sua babá a levou para ver girinos no lago. O seu irmão gostava de girinos. O seu pai viajava muito. A empregada passava roupa de noite. A paciente lembra do ditado "São Pedro passa ferro". Ela tinha medo de trovoada e se vê pequena embaixo da mesa. Todos estão juntos. Eles brincaram de caverna. O cachorro comeu as galinhas e a mãe fez galinhada.
Pedi para a paciente voltar mais uma vez para a trovoada. Ela se vê embaixo da mesa e lembra que o seu irmão era terrível. Ele pegava na sua bunda. A respiração da paciente altera. Ela sentia muito medo. A irmã a acalmava e mandava o irmão parar. A mãe protegia o irmão terrível. Durante a trovoada a luz caia e o irmão terrível dizia que São Pedro passa ferro na bunda. A paciente sente a sua bunda contraída e lembra que ela teve sérios problemas de constipação.
Em seguida a família mudou para M. A paciente lembra que ela imitava muito a sua irmã. Ela andava rebolando. A irmã teve a sua festa de 15 anos. A paciente ficou com a empregada. Na casa em M ela e seus irmãos escalaram e derrubaram um estante de ferro. A paciente lembra do susto, do medo e do castigo no dia seguinte. A paciente lembra do poço da casa. O irmão terrível falou que um homem caiu no poço e depois o fecharam. A paciente se visualiza estudando a tabuada de cinco perto do poço. O irmão terrível falava que o homem morto sairia do poço. A paciente lembra do programa Sítio do pica-pau amarelo. "A Cuca vai pegar". Na sua cama de noite ela teve medo do Cuca.
Focando no seu medo do Cuca ela lembra que fechava os olhos e demorava para dormir por medo do Cuca. Ela lembra de uma outra cama e da sua vergonha do seu corte de cabelo de menino. O irmão terrível tirou tanto sarro dela. A mãe a acalmou. A paciente sente muita tristeza e chora. A mãe não comunicava, não explicava nada antes. Ela ficou tão traumatizada que nunca mais deixou a mãe cortar o seu cabelo. O irmão era terrível. Ele ria muito da sua cara.
Semana que vem vou apresentar a segunda sessão da paciente.