Monday, April 3, 2017

Terapia metafórica: "A viagem de Chihiro" (parte 2)

Introdução:
A paciente apresentada na parte 1 de "Viagem de Chihiro" me contou no início da sua segunda sessão metafórica sobre as suas lutas com a sua feminilidade. A mãe da paciente não representa uma boa referência feminina, mas cobra da sua filha que deveria se vestir melhor. A paciente se preocupa que os meninos poderiam a achar muito moleque. No decorrer da segunda sessão metafórica aparece a dificuldade de relacionamento e sua insegurança social representada pela bolha.

Ilustração: Duda Maria

Segunda sessão metafórica:
A paciente se vê no espelho e visualiza as roupas que vestia. Ela lembra da calça Tactel que vestia na sétima série e os tênis de menino de skate. Aparecem cenas do seu antigo colégio. A calça Tactel se destaca. V. era sua amiga, mas aprontava e falava mal dela. A mãe está passando pelo quarto. A paciente está se olhando no espelho. Ela lembra de um cara com quem ficou. Ele não se importava com o jeito como se vestia. Estão sentados no carro e um amigo diz que deveriam gostar dela independente da roupa. Ela lembra dos meninos com quais ficava e que gostaram dela. A paciente lembra que fez compras numa cidade. Ela não gosta de estilo feminino frágil. Ela tem receio de não ser levada a sério se ela se veste feminina demais. Ela teme ser desconsiderada. A paciente lembra de exemplos de feminilidade forte. A mãe dela não queria ser feminina para ser respeitada. A paciente lembra da mãe andando de bici. Quando a paciente foi num show ela se sentiu moleque e as outras meninas bem femininas. Um cara disse que ela tem que ser como ela é. M. é o ideal de mulher. A paciente sente ciúmes dela. Muitas pessoas acham M. irritante. M. aparece em cinza e roxo, a paciente amarela. M. está embaixo, a paciente em cima. M. está ficando maior. As pessoas atrás aparecem em verde e rosa. O olho da M. está vermelha. Aparece um amarelo que está ficando branco. O brilho diminue. Tem pessoas que estão contra M. A paciente admira M., mas M. A odeia. Tem pessoas apoiando a paciente. Uma cor azul está vindo debaixo. A paciente caiu no mar. Tinha amarelo em volta do corpo. Sua cor desapareceu no mar. M. está grande. A paciente abre a boca e mergulha no mar verde-musgo. Ela vê caveiras e nada para baixo. Ela chega numa praia com areia de um amarelo queimado. Ela entra num matagal, se embrulha numa toalha vermelha É vai para um abrigo de pedra. Ela sabe que tem que sair dali e sobe para pegar um táxi amarelo. O motorista de boné está fugindo de algo. A paciente sente um pouco de medo. A estrada vai em espiral. Tudo está girando em branco com preto. A estrada vira um prato. Ela cai num restaurante antigo com prato feito.Alguém está na sua frente. Tem movimento na rua e prédios. É final da tarde. Ela foi até o meio da rua. Pessoas estão fechando as portas e desaparecem. Tudo está congelando. É frio e ela está de shorts. A cidade C. é fria. Um amigo a emprestou um casaco cinza. O cenário é branco e azul. O amigo aparece com luz laranja. A paciente está com frio e vontade de chorar. O amigo a acolhe. Tudo vai ficar bem! Eles estão agachados num parque sem gelo. Ela sobe nas costas do amigo. Ela não quer se apegar mais ainda. Ela corre, o parque acaba e a água se torna violeta. Ela corre para um lado e cai num vazio. A paciente sente medo. Ela está escorregando. Aparece o cenário de um jantar. Ela está sentada na mesa com outras pessoas com a roupa simples que está usando na sessão. Ela sente vergonha de aceitar as coisas e nega comida mesmo que está morrendo de fome. Ela disse que não queria comer porquê achou que faltou prato. Ela se sente inferior. Parece que ela não merece comer. A paciente está chateada consigo mesmo. Ela se menospreza e criou uma bolha onde todos a odeiam. Ela foca naquela bolha e se vê numa sala branca vazia com grama no chão. Ela está sentada dentro da bolha de vidro. Pessoas tentam se aproximar, aranhando a bolha. A paciente teme que a bolha quebre. A sala é vermelha, preto e roxo. A bolha continua. Ela visualiza uma ilha suspensa. O mar é roxo. Bem distante ela vê uma cidade que irradia luz branca e amarela. O mar está agitado. Ela está se segurando na grama, arrancando pedaços. Tudo desmorona e ela cai no mar. Uma esfera cai em cima dela. A cidade está suspensa. Pessoas jogam cordas. Ela sai da água. A luz diminue quanto mais chega perto da cidade. A esfera e a Ilha continuam lá. A cidade é vermelha-bordeaux. Tem morcegos pretos. Ela teve que entrar numa casa. O cenário se parece com um pesadelo que a paciente teve. Era o início de um jogo. Ela teve que escolher crianças desaparecidas. No jogo tem um demônio com olhos vermelhos. Ela vê uma cesta de comida e um bicho. A paciente tenta sair dessa casa. Ela corre pela cidade, se apoiando nas paredes. Num corredor preto alguma coisa está vindo ao seu encontro.

Veja na semana que vem como a viagem continua na terceira sessão!