Introdução:
A paciente apresentada em "A viagem de Chihiro" (parte 1) se queixou no início da sua quinta sessão metafórica que ela se sente usada em função da sua carência. Decidimos partir dessa sensação e ver que imagens o inconsciente iria usar para trabalhar o seu sofrimento. A paciente me contou com alegria e um certo temor que ela vai poder morar sozinha num apartamento bem no centro, perto de tudo.
Quinta sessão metafórica:
A paciente se vê andando com o menino R. Aparecem os rostos de outros meninos do seu convívio girando em torno dela. Cada um tem uma borda de cor diferente. Eles aparecem com sorriso malicioso num plano preto. Braços a pegam, apertando o corpo. Com raiva ela morde a mão de alguém. Ela aumenta de tamanho, fica gigante e sai da caixa. Ela mete o pé na caixa e esmaga as cabeças. Saindo da caixa ela encontra grama e praia. A paciente sente culpa por ter esmagada a cabeça de B. Ela queria estar no seu apartamento, tenta se imaginar nele, mas não consegue. Ela olha para a praia e a caixa vira uma caixa de presentes. A paciente vira um urso gigante laranja-amarelo. Depois a cor muda para azul. Ela teve um pesadelo. O urso canta a canção dos ursos para ela. Ela se vê no seu apartamento. A chave vem no dia 20. Ela vai dar uma cópia para a sua amiga R. A paciente se imaginou escolhendo as coisas para o apartamento. Ela está retomando o cenário da sessão passada onde ela aparece toda rabiscada. Ela se vê de cabelo curto com vontade de chorar. Ela vai para o chuveiro, a água está caindo e o cabelo está crescendo muito. Ela abriu o ralo e o cabelo foi pelo ralo. Ela se enxugou e sentou num sofa-cama. O ambiente está escuro. Tem uma árvore em frente do apartamento. "Eu posso ir lá fora!" Ela se desenha de cabelo curto se imaginando no meio da sala de bruços. As lágrimas estão escorrendo e as pernas estão moles e formigando. Ela olha para a porta. A luz ainda é sombria. O trinco caiu. Ela está trancada. A paciente se vê rabiscando as paredes e o chão em espiral. Ela desenha uma porta preta em forma de um traçado, encaixa uma maçaneta e abre a porta. Ela sai do apartamento. Lá fora é sombril e na rua tem uma neblina sombrosa. Ela tenta ir para um café. Tudo continua sombril como no apartamento que materializa a sombra. "Não deixe a parte cinza te dominar!" Ela está lembrando da música e dos shows. Ela se sente afastada dos seus colegas. Parece que falta força nas relações. Ela sente decepção, solidão e insegurança. Ela sempre foi amiga de todos, mas agora não se sente bemquista. Ela criou uma bolha. Pensando na vida ela sente vontade de chorar. Ela tem muita pressa de viver, quer histórias para contar. A paciente admira pessoas soltas.
Semana que vem continua!