Apresentação do paciente:
Quando o paciente me procurou, ele relatou vários eventos traumáticos da sua vida, muita solidão na pré-adolescência e decepções amorosas. Atualmente ele estava sofrendo com os processos alimentícios da sua ex-esposa que estavam tirando a sua paz. Na nossa primeira conversa nada indicou um sofrimento tão profundo como achei nas consultas seguintes trabalhando as marcas do seu inconsciente com EMDR-J. Fiquei impressionada com a profundeza do trabalho do paciente e a sua facilidade de acessar os seus conflitos no nível metafórico. Em seguida apresento os transcritos de sessões intensas e impressionantes.
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Fotografia: João Felipe Garbers |
Quarta sessão
O paciente conta no início da quarta sessão que ele percebe que sua capacidade observadora e a sua intuição aumentaram significativamente. Ele percebe que algo dentro dele está mexendo e se pega em atitudes impetuosas. Quando ele continua o seu trabalho com EMDR-J, ele visualiza uma parede, fome e o dragão. Ele acha que a sua sensação que ele não é daqui vem do dragão. Parece que ele é de um outro plano, de um outro planeta. Ele continua vendo o dragão e a palavra „traição“ vem à mente. Ele sente uma aversão à própria raça. As pessoas se aproximam, fazem amizades e depois apunhalam pelas costas. O paciente sente frustração, raiva e impotência. Ele sente tudo ao seu redor e o negativo se sobresai pela frustração. Ele tinha bloqueado essa percepção para não passar mal. Agora ele está tentando libertar a sua mente. Esses dias ele estava observando nuvens andando bem rápido. Ele estava observando o céu por cinco minutos e curtiu a sensação de estar voando. O seu jeito de andar de moto mudou. A sua intuição está aguçada. Ele sabe porque o negativo se sobresai tão rápido na sua vida. Ele teve que lidar com a morte de muitas pessoas próximas muito cedo na sua vida. Foram tantos e o sofrimento foi tanto que ele se tornou frio. O último baque foi quando ele teve treze anos. Existe uma incoerência no sentimento: eles dizem que vai para um lugar melhor, mas chora; o homem busca a felicidade, mas morre na amargura. Por que estamos aqui? Tudo é confuso. Tem muita gente sangue-suga. Eles não conseguem ver alguém bem e já querem tirar. Eles chamam isso de „olho gordo“. A palavra „aceitaço“ aparece na sua mente e ele lembra da sua namorada. Ele sente que deveria abrir o jogo para ela sobre como ele está se sentindo. O lobo sente a necessidade de ficar sozinho, pensando. Ele visualiza o lobo andando numa floresta com árvores diferentes, andando devagar, respirando, folhas, vento, o bater do coração. Agora ele começa ver o tigre andando. A floresta é mais verde, mais densa. Ele sente as folhas embaixo dos seus pés. Ele sente um bater de asas. O dragão está passando perto. O paciente sente uma sensação de liberdade. „Eu vou para onde eu quero!“ „O problema não está no seu passado! O problema está naquilo que vai vir! O problema está na falta de acreditar em sua capacidade!“ Ele está sem força vital, passivo. O paciente tem a sensação que quer correr, mas falta o arranque. O lobo está andando. Tem uma pedra bem grande. Um raio caiu na pedra e ficou uma mancha escura. Ficou uma incógnita, uma dúvida. De repente não tem mais nada, como se tudo se apagasse. Um mergulho profundo na sua própria mente. É uma sensação boa.Tranquilidade.
Leia a continuação das sessões na semana que vem!
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