Sunday, November 29, 2015

... e depois disso Natal nunca mais foi o mesmo!

Introdução:
Acontecimentos que produzem sentimentos negativos pesam muito no nosso inconsciente. São chamados traumáticos quando a pessoa é incapaz de processar o acontecimento e voltar ao normal com uma lição apreendida. Vivências alegres adoçam a vida, porém pela nossa genética que favorece a sobrevivência da espécie, vivências negativas são tratadas pelo inconsciente com preferência. Algo que produz sensações terríveis deve ser perigoso e merece atenção!



Acontecimentos trágicos tiram a alegria
"Meu pai morreu pouco antes de Natal!" "Minha filha teve um acidente fatal antes do meu aniversário!" "Meu sobrinho recebeu um diagnóstico terrível quando a gente estava de férias na Caribe!" Nunca mais Natal é o mesmo, nunca mais o aniversário é leve e as fotos da Caribe produzem dor de barriga. Criou-se um link entre a emoção negativa e a data comemorativa. Formou-se uma associação entre Caribe e doença que provavelmente não vai se desfazer sozinha. O trauma se isola e o tempo não o atinge. Fazem vinte anos que o filho amado morreu, e a dor ainda é a mesma. Os inconscientes não trabalham todos da mesma forma. Tem pessoas que conseguem processar traumas terríveis e continuar positivos. A flexibilidade e a espiritualidade da pessoa influe sobre a capacidade de processar um evento traumático. Se teve preparo como num caso de câncer, se o relacionamento com a pessoa que perde era resolvida, se a pessoa é capaz de lidar com sentimentos fortes, tudo isso vai determinar se o acontecimento negativo virá trauma ou é processada. 

A dor é inevitável 
Quem foge da dor, não vai conseguir processar o acontecimento trágico. Depois da dor, da revolta, da culpa e da incompreensão, a pessoa chega a aceitar o acontecimento como parte da sua vida e talvez acha um significado. Um ano tradicionalmente era o período adequado para o luto. No vilarejo na Alemanha onde eu fui criada era comum vestir durante um ano preto se houve a perda de uma pessoa próxima. Nos tempos atuais o luto virou um artigo raro. O tempo anda rápido, todos esperam que o enlutado vira logo a página e funciona de novo. Remédios tampam a dor e depois de vários anos de repente alguém fala em Caribe e a pessoa sofre um ataque de pânico "do nada". A dor virou sintoma. Um gatilho trouxe tudo a tona, mas tão camuflado que é difícil saber de onde vem. O que fazer?

Processamento do trauma através de EMDR-J:
Costumo dizer: "Se temos uma torneira pingando, não adianta trocar os baldes embaixo, precisa trocar a torneira!" Os sintomas são sinais que algo do passado não foi processado. EMDR-J funciona como um scan ou um raio-x para ver onde o paciente está preso. O trauma é localizado e processado. Assim o paciente pode sair do congelamento do trauma e tocar a sua vida para frente sem sofrer com os sintomas e as lembranças dolorosas.

Conclusão:
Quando o entulho pesado das lembranças dolorosas está tirado, lembranças boas aparecem e são como um bálsamo para o ferido. Em vez de lembrar da pessoa falecida no caixão, agora lembra dela com muita alegria em vida. As lembranças negativas não doem mais. Como perderam a sua carga emocional, perderam a sua razão de invadir o presente. As lembranças negativas ficam muito longes e as boas pesam mais, alegrando o presente e abrindo um caminho para o futuro.