Introdução:
A abordagem terapêutica metafórica está abordando os conflitos do paciente na linguagem própria do inconsciente que nós conhecemos dos nossos sonhos. Através da sua criatividade, usando cores, símbolos e imagens, o paciente trabalha os seus assuntos pendentes com a ajuda de estimulação bilateral. Nessa abordagem o inconsciente toma a liderança. O paciente está simplesmente acompanhando e observando a mudança de cena, imagens e acões. Nem sempre ele entende o significado daquilo que ele observa. É surpreendente como o paciente através de um caminho totalmente diferente consegue resolver os seus conflitos internos, achando paz e se organizando emocionalmente.
Apresentação da paciente:
A infância da paciente era marcada por muitos medos e ansiedade. A paciente é bem sensitiva. Ela foi criada num ambiente religioso e teve muito medo de manifestações sobrenaturais e bonecos. A paciente descreveu a sua mãe como muito exigente e recorda muitos conflitos com sua mãe. Ela sofreu com lembranças dolorosas em relação a um namoro possessivo de vários anos. A paciente se descreveu como workaholic, confusa e agitada.
Procedimento terapêutico tratando a adolescência da paciente:
Na sua adolescência a paciente se mudou para uma outra casa. A paciente lembrou mais uma vez da sua casa da infância (veja parte 1). Vendo essa casa toda organizada, ela passou adiante para trabalhar os acontecimentos que ela viveu na casa onde passou a sua adolescência.
Quarta sessão
A paciente olha mais uma vez para sua casa de infância. Os quartos estão brancos e em harmonia, sem escuridão. O porão está limpo. A branquinha, a preta e a vampira desintegram e integram. Na casa de adolescência tem um furacão. A branquinha está voando, a preta e a vampira estão lutando contra o furacão. Eles pedem ajuda da branquinha. Ela usa música para combater o furacão. Ela cresce e fica do tamanho do furacão. O furacão está acalmando. Com calma a branquinha está construindo a memória de duas histórias diferentes. A vampira e a preta estão revoltados. A branquinha está construindo um barco a vela para o futuro, sonhando com uma família. Os escuros estão tirando sarro da branquinha, levando ela de volta para o seu tempo de descobertas. A paciente pensa em clubes e vícios. A vampira está se comportando de forma vulgar, sensual e descontrolada. A branquinha está chorando. Ela entra na medula da vampira, falando para o cérebro a respeito de objetivos. A preta está fazendo parte da asa da vampira. A paciente lembra do seu primeiro namorado. Ele é loiro e está a amarrando. A preta amarra ele e a vampira o mata. A branquinha está feliz. O cabelo dele ainda incomoda. O cabelo transforma em xixi. J. aparece. Todos as três estão curiosas. J. está mudando de cor. Ele está sem forma, sua voz chamando por ela. As três fundiram para achar o seu cinza. A branquinha é a medula. As imagens estão instáveis. Um arco-iris aparece e desaparece. A paciente está se sentindo triste. As três estão transformando numa borboleta. A branquinha separa das duas, sofrendo, agoniada. J. se transforma numa criatura estranha, devorando e execrando a branquinha. A preta e a vampira fazem parte da criatura. Ele prometeu cuidar dela! Ela não tem força para separar dele. Eles fundiram. Ela está passando pelo sistema circulatório dele, sem chance de escapar. Ela quebrou a mão na tentativa de fugir. Ela tenta bater a cabeça, morder e chutá-lo, mas nada adianta. Ela não tem força. Somente tem um caminho para escapar. Ela tem que sair junto com o cocô dele. Os músculos dele estão a machucando enquanto está sendo execrada com o cocô dele, toda quebrada. Ela está quase morrendo. A paciente se vê grávida com a branquinha e as outras duas. Tem que abrir o cadaver para o resgate. A branquinha está fraca. A sua família e amigos estão a sugando. A branquinha morreu. Todos estão chorando. Ela está deitada numa posição fetal dentro do corpo da preta. A branquinha tem o rosto de uma velhinha e o corpo de um bebê. A branquinha volta para se juntar. A velhinha branquinha está de luto. Nada ajuda. A criança sobe nos ombros da preta. A branquinha transforma em cocô dele. Ela é parte dele. Uma placenta de lágrimas está protegendo a paciente. A branquinha chama o monstro. Algo cinza se aproxima. A branquinha está chorando. Todas as três estão crescendo. Ele é um parasita que a domina. "Você não vai me dominar! Estou flutuando!“ A cinza está flutuando e lutando. A branquinha está chamando por ajuda divina. A paciente vê luz, um arco-iris e uma grande luta. Ela não consegue se livrar dele. Ele invade os ossos, tornando tudo cinza. Ele é um câncer. Ele se transforma numa estátua de pedra. O cerébro e os olhos não estão afetados. A branquinha chama a preta e a vampira. A vampira está machucada e a preta quebrou as unhas escapando da estátua. A branquinha está escapando pelos buracos. Todas as três estão exaustas, descansando.
Quinta sessão
A paciente está vendo óleo preto e entra no mar. Ela tenta sair mas não consegue. Ela está descobrindo coisas tentando salvar um pouco de J. Ele é bom mas perdido. Ele mudou com o exemplo dela. Ele era instável. Para entrar no mar, ela teve que dissolver. A branquinha não dissolveu. Coisas nasceram. A branquinha se escondeu dentro dele. O mar está tentando destruir a porta e a branquinha. A paciente vê um buraco negro, espaço. J. está presente. Duas planetas estão orbitando o sol, estrelas estão caindo. Ela está observando ele, tentando se juntar a ele. Quando ela entra de novo na sua essência, ela sente enjoo. "Eu preciso dessa conexão!“. A paciente vê um eclipse e superposição. "Eu não quero!“ Ele a puxa em direção do buraco negro. Ela está sendo despedaçada, transformada em cinzas. Ele a põe no seu coração, mas ela não está feliz. A branquinha está se recompondo. Ela está fraca e tenta cantar. Ele rouba as suas cordas vocais e suga o seu coração. A preta e a vampira transformaram em cinzas e não fazem nada. Ele absorve a sua energia. Ela sente a necessidade de crescer e explodí-lo. Ele se recompõe rapidamente. Ele transforma num cavalo selvagem e foge com as escuras. A branquinha está dissolvendo em função da sua conexão com as duas. Ela sabe que precisa cortar a ligação. Disconectando ela cai num coma. Uma parte dela está morrendo. Uma luz a avisa que ela vai se recompor. A paciente mostra para Deus o seu buraco no coração. Deus entra no seu coração com luz dourada. Ela ganha uma noção de uma nova criatura pacífica. Uma parte dela tenta puxar as amarras. Um raiz está procurando J. Deus corta as amarras. Ela se vê num barco lutando contra uma tempestade. Jesus aparece no meio da tempestade. Ela está em companhia de amigos, falando uma nova língua. A paciente pensa em Africa, maças e frutas. J. tenta a alcançar de vários lados. Ela está numa bolha. Deus estende a sua mão. Ela se vê colorindo favelas na Africa com o seu dom de transformação. A vampira está com muita raiva. O seu único pensamento é vingança. A branquinha pede para a vampira acalmar. As três estão discutindo. A vampira quer vingança e a preta está segurando um amuleto de uma perna. J. sofreu um acidente e a preta se sente responsável por ele. A vampira quer matá-lo, a preta quer ajuda-lo e a branquinha não quer mais nada a ver com ele. As três estão brigando e tentando se devorar. A branquinha foi embora. A vampira e a preta não conseguem decidir se ajudam ou o matam. A preta coloca ele dentro de si para curá-lo. A vampira tenta extraí-lo. Ele volta e se junta com a preta. A vampira não quer matar a preta. A branquinha fica neutra. A preta está pressionando a vampira e coloca a branquinha numa caixa. A branquinha invade o coração e a cabeça da preta pedindo ajuda divina. Uma luz ilumina a cena e expulsa J. através de uma parto doloroso. A paciente sente amor materno por J. assim que ele nasce.
Sexta sessão
J. escreveu para a paciente alimentando uma parte dela. Ela escuta uma melodia. Ele envolve as três como uma serpente, tornando elas parte dele. A branquinha está relutando e separando dele. Ela sente vergonha que está sozinha. A vampira e a preta não conseguem sair. A branquinha cresce e prepara uma armadilha para a serpente. A preta e a vampira estão saindo, descendo pelos dentes da serpente. A paciente tenta botar fogo na serpente. A vampira e a preta estão queimando junto com a serpente. Elas se juntam para chamar J. de volta. A branquinha está dissolvendo. As três concordam em deixá-lo num caixa de lembrancinhas. Elas se despedem dele e concordam em deixar a caixa fechada. As três fundem. Mas a preta quer abrir a caixa. A branquinha a impede sabendo que vai consumí-la e coloca uma corrente na caixa. A caixa faz parte do coração. A caixa transforma num piercing. Vai sarar! As três se tornam uma. Mas as escuras abrem o coração e pegam o piercing. A branquinha as alerta que a teimosia delas vai ser fatal. A paciente sente dor, sofrimento, choro e um coração vazio. Ela se vê caminhando no deserto, se sentindo muito sozinha. A branquinha está caminhando, passando por um vazio grande. Sementes estão brotando e flores nascem. Um novo começo! A paciente percebe que ela perdeu a sua essência. Ela renasce. Ela não tem foco. Uma flor branca está florescendo. A paciente se transforma no jardineiro, tirando erva daninha, organizando e instalando uma rede de proteção. Ela desmaia exausta. Ela vê uma plantação de milho. Elas querem trazer J. de volta como minhoca. Tem abelhas. O jardim está ficando lindo e caçulos estão preparados para a transformação das duas escuras. Elas nascem como borboletas com buracos. Elas admitem que se sentem bem estando livres. Elas se sentem leves e entram na branquinha. A branquinha está pronta para o deserto, procurando um propósito. Ela se protege do sol, cheio de recursos. Ela se diverte com um buggy na areia. A bussola está sem direção. Jesus aparece no deserto. Ela tem que aprender a caminhar sozinha. Demora para crescer. As três chegam num oasis e curtem a companhia. Elas enterram o colar do J. no deserto, jogando o colar em areia movediça. Elas fundem e se transformam em borboletas. Uma águia está voando com calma em direção de um abismo no meio de uma tempestade. A águia está se curtindo com seu peito forte. A águia está ganhando força, curtindo o ar e voltando para a terra. A paciente chega num muro alto. Elas estão subindo chegando numa cidade. Pronto para um novo desafio ela está entrando em território novo.
Tentativas de interpretação:
A paciente está resolvendo seus conflitos de adolescência começando pelos impulsos sexuais e seu primeiro namorado. Em três sessões bem desgastantes ela está resolvendo seu relacionamento possessivo com J. Ela luta com impulsos conflitantes para conseguir se separar do seu ex. Matá-lo ou ajudá-lo? No final da luta ela consegue se libertar e criar sua própria personalidade. Ela começa procurar um propósito na sua vida, começando uma viagem própria.