Monday, November 23, 2015

Terapia metafórica: "Dançando com um vampiro" (parte 3)

Introdução:
A abordagem terapêutica metafórica está abordando os conflitos do paciente na linguagem própria do inconsciente que nós conhecemos dos nossos sonhos. Através da sua criatividade, usando cores, símbolos e imagens, o paciente trabalha os seus assuntos pendentes com a ajuda de estimulação bilateral. Nessa abordagem o inconsciente toma a liderança. O paciente está simplesmente acompanhando e observando a mudança de cena, imagens e acões. Nem sempre ele entende o significado daquilo que ele observa. É surpreendente como o paciente através de um caminho totalmente diferente consegue resolver os seus conflitos internos, achando paz e se organizando emocionalmente.

Desenho: F.H. Thomsen

Apresentação da paciente:
A infância da paciente era marcada por muitos medos e ansiedade. A paciente é bem sensitiva. Ela foi criada num ambiente religioso e teve muito medo de manifestações sobrenaturais e bonecos. A paciente descreveu a sua mãe como muito exigente e recorda muitos conflitos com sua mãe. Ela sofreu com lembranças dolorosas em relação a um namoro possessivo de vários anos. A paciente se descreveu como workaholic, confusa e agitada.

Procedimento terapêutico tratando a vida adulta da paciente:
Sétima sessão
Na cidade a paciente encontra pessoas muito diferentes. Ela está experimentando comida nova, se integrando, ficando dourada. Ela está se juntando com a natureza, materializando como ouro, se aceitando e se afirmando. Deus está a afirmando. O ouro está dividindo num arco-iris. Tem fusão e transformação. Seus pais e amigos estão transformando, formando um arco-iris. Todas as cores junto se tornam branco, no rio e no mar. Ela revive a história de criação com Adão e Eva. A maça transformou na cruz. Jeus está chorando. Várias branquinhas estão sendo soltas, livres para viver uma nova era. Elas se encontram entre pecado e o Espírito Santo. A vampira e a preta se livram dos seus pecados. A branquinha, a preta e a vampira estão dançando com o Espírito Santo. A branquinha está se tornando dourada de novo. Ela se divide para irradiar energia divina em todos os continentes. A dourada se junta com a dourada africana e cresce. Ela vê um sinal de "pare“. Ela viaja de África para Europa, reunindo com a sua outra parte e volta meio triste. Elas não foram adiante. Elas voltaram por causa da família.  As três se tornam pratas e depois transformam em pedra, rolando sem leveza, meio paralisadas. A paciente se sente imobilizada, sem recursos, afundando num mar preto perto da costa brasileira. A paciente está de luto e com medo. Algo escuro está crescendo e a paralisando. A sombra está invadindo os olhos da paciente mas o coração está ileso. O coração cria pernas e caminha até Indonésia e Tailândia. Ela acha mais uma parte dourada. O coração está livre para viajar para todos os países que a paciente quer visitar. O coração tenta resgatar o corpo, mordendo as correntes. Coração e corpo estão dissociado. O corpo está paralisado. O coração está falando. O corpo está se mexendo, mas as pernas ainda estão paralisadas de medo. O coração está grande demais para o corpo. Ela quebra o corpo e cria um novo. Seu corpo está amarrado à sua familia e seu lugar de trabalho. Ela quer ter raízes e viajar. Seu corpo convence o coração a voltar. Seu coração não está feliz, olhando para fotos de missão.

Oitava sessão
A paciente me conta sobre seus conflitos com uma amiga. Ela vê a sua amiga como criança que transforma num demônio e devora as três. A preta transforma num gigante. A branquinha se sente sufocada, presa ao monstro. Ela transforma numa vampira mais equilibrada com asas brancas e tons de cinza. Ela pula com leveza e coloca sua amiga numa caixa. Ela explode a caixa e a queima numa grande fogueira. Ela leva as cinzas para o mar. A vampira está boiando. Ela vê uma outra amiga com o seu monstro pequeno. Elas conversam via telepatia.  A vampira vai para o pântano e acha a parte raivosa. Ela a engole e vomita. Ela corta o pescoso do monstro que está berrando e o enterra. Uma árvore está crescendo. A paciente machuca a sua mãe e sua irmã. Chorando ela se limpa. O monstro está branco. Em sua volta tem muitos monstros pequenos e ela se dá conta que precisa conviver com eles. Ela joga algo pesado no mar. As três acham sua amiga em forma de criança e a limpam. A branquinha está carregando o corpo da sua amiga. Ela funde com as outras. Ela constroi uma figueira grande de cores diferentes. Ela queima no fogo suas falhas de carater como egoismo, agressividade, etc. O fogo explode. A personalidade  central da branquinha aparece. A branquinha é tediosa. A preta e a vampira tornam a paciente mais interessante. A vampira coloca um fogo ardente para as nações no seu coração. A preta é as suas mãos. No seu cérebro branco tem espaço para criatividade. O coração está batendo para as nações. Trabalhando com as suas mãos, idéias nascem no seu cérebro. Ela sabe que no futuro a porta para as nações vai abrir. Ela está evitando J. e D. J. aparece com flores e D. com um prato de comida. Ela está se movimentando para frente. Ela se sente em paz para explorar o mundo. Ela se vê voando de parapente. A vampira está a acompanhando. Elas estão passando por paisagens diferentes e coloridas sentindo que isso é a sua missão: entrar em harmonia com as três para se tornar luz.

Nona sessao
A paciente está se sentindo culpada por estar longe da sua família e não poder ajudar com a sua vó. Ela vê a sua vó se arrastando no chão, pedindo ajuda. A branquinha  vai para frente e para tràs. Quando ela foi embora, a vó ficou pior e eles pediram para ela voltar. Eles estão tristes que ela foi embora. A paciente está se sentindo triste. O seu pai e sua irmã estão crescendo. Eles conseguem ajudar. A paciente se sentiu rejeitada quando ela tentou voltar. Tem uma parede. Ela entra no coração do pai. A vó está ficando mais fraca. Todos perguntam o que está acontecendo. A vó está levitando, sem forma e instável. Uma corrente está a amarrando à sua vó e ao seu pai. Ela precisa voar e se torna um passarinho. Ela sente que ela está livre para ir e mesmo assim vai ficar conectada à sua família. Sua mãe coloca rodinhas embaixo dos pés da paciente, deixando ela ir. Sua mãe está fazendo papel de pai, deixando ela ir. Ela fala para sua mãe à respeito de Canadá, crescendo asas grandes enquanto está falando. Uma irmã transforma numa raíz, a outra irmã tem mãos grandes sempre tentando ajudar. Tem uma linha dourada, uma conexão de honra. A mãe está dissolvendo. A irmã das mãos grandes é instável. Seu pai está triste. Eles parecem zumbis. A paciente consegue voar. A sua tia é muito supersticiosa e mandona. A tia transforma num monstro cheio de braços. A vampira corta os braços do monstro e o cega. A tia controla a família toda aparecendo com presentes. As suas irmãs se deixam comprar.

Tentativas de interpretação:
A paciente se sentia presa no Brasil. Ela foi numa viagem missionária com um coração ardente, mas sentiu que tinha que voltar para a sua família e cuidar da sua vó. Ela estava se sentindo frustrada. Em três sessões terapêuticas ela conseguiu se livrar das correntes familiares e mesmo assim continuar conectada à sua família através de uma conexão de honra. A sua personalidade está ficando mais integrada, seu foco está aumentando e a preta está sob controle. A vampira somente age em casos de emergência.

Conclusão:
Em somente nove sessões terapêuticas a paciente fez um progresso incrível, desenvolvendo foco e integração. Ela processou sua infância problemática, resolveu um relacionamento possessivo com um ex-namorado e finalmente focou na sua vida adulta, aprendendo conviver com seus amigos e familiares, seguindo os seus sonhos. Seu processo terapêutico foi muito rápido, intenso e criativo. A paciente relatou que ela está se sentindo muito diferente e está muito contente com o resultado e a abordagem terapêutica.