Monday, February 20, 2017

Todos sofrem ...

As causas do sofrimento:
O budismo explica que existem dois tipos de sofrimento. Sofrimentos inter­nos são aque­les que geral­men­te con­si­de­ra­mos parte de nós, como dor físi­ca, ansie­da­de, medo, ciúme, sus­pei­ta, raiva e assim por dian­te. Sofrimentos exter­nos são aque­les que pare­cem vir de fora, incluin­do vento, chuva, frio, calor, seca, ani­mais selvagens, catás­tro­fes natu­rais, guer­ras, cri­mes e assim por dian­te. Não é possí­vel evi­tar – nenhum dos dois tipos.



Como lidar com o sofrimento?
Se não dá para evitar o sofrimento, podemos nos perguntar o que ameniza e o que agrava o sofrimento. Conforme o budismo o apego agrava o sofrimento e o desapego o suaviza. Apego exagerado aos bens, à saúde, aos filhos, amigos e ao cônjuge causa uma dor terrível. Ambição e ansiedade são frutos do apego. Quem exercita o desapego não oferece resistência à perda e com isso se adapta mais fácil à nova situação. O cristianismo ensina ficar contente em qualquer circunstância, agradecendo mesmo em situações de dor. O pensamento é o mesmo: não oferecer resistência à situação mudada. A bíblia ensina que tem um tempo para tudo: nascer e morrer, plantar e arrancar, ganhar e perder.

A espiritualidade ajuda:
Independente da espiritualidade da pessoa, percebo na minha prática clínica, que as pessoas que conseguem aceitar a dor e a perda, achando consolo na sua fé, sofrem menos e se adaptam mais rápido à situação mudada. A revolta faz parte da condição humana e é uma reação natural à perda. Conseguir desapegar de bens e pessoas, agiliza o processo de luto e a readaptação. O apego exagerado prolonga o processo de luto e causa um luto patológico que pode durar décadas e até atingir a próxima geração. 

Sunday, February 12, 2017

Nada se cria, nada se perde ...

Introdução:
Faz anos que vejo os meus pacientes lutando com as questões existenciais da vida. A maioria da população vive no "automático". Trabalho, casa, trabalho, casa, lidando com os filho, o cônjuge, os parentes, festas, juntar dinheiro, comprar casa, comprar casa na praia, fazer inveja para os vizinhos ... sem um pensamento sobre o sentido da vida e as questões existenciais. Para onde vamos, de onde viemos, por que estamos aqui? Até que algo nos tira do "automático".


A desgraça nos tira do "automático":
Quando algo interrompe as nossas rotinas, paramos para pensar sobre a nossa vida. Nós nos questionamos se tudo faz sentido, se realmente nós queremos viver a vida dessa forma e nos perguntamos sobre a nossa finitude. No "automático" vivemos como se fosse para sempre, como se a morte não existisse. Doença e perdas de entes queridos quebram a redoma de invulnerabilidade que nos cercou até então: a ilusão que a desgraça só acontece com os outros. Nós nos vemos forçados a pensar sobre a nossa finitude. A morte assusta, é algo desconhecido. Até pessoas religiosas, que tem uma esperança de continuação, tem dificuldade de soltar os seus entes queridos na beira da morte. A vida tem fim ou simplesmente passamos por uma transformação quando chega a morte? Pelas leis da termodinâmica nada se cria e nada se perde, mas tudo se transforma.

Conclusão:
Acredito que a morte é transformação. Perdemos os corpos físicos, mas não perdemos a experiência. Não perdemos os relacionamentos que nós formamos. As experiências continuam vivos, guardados no coração daqueles que sobrevivem. Nós sobrevivemos na lembrança daqueles que foram tocados por nossas vidas. As pessoas que desencarnaram continuam vivos através das lembranças dentro do nosso inconsciente. Eles desencarnam e vem "morar" conosco. Através das memórias ninguém que marcou a nossa vida está perdido, mas guardado dentro dos nossos corações. 

Monday, February 6, 2017

O marido vai, os filhos ficam?

Introdução:
Ouvi essa frase de várias mães explicando o seu apego e sacrifício pelos filhos. Aparentemente existe a crença que é melhor se dedicar para os filhos do que para o cônjuge. Atrás dessa frase percebo gerações de mulheres frustradas com os seus relacionamentos amorosos e casamentos. Tenho a ousadia de contradizer essa crença.


O relacionamento com o cônjuge:
Acredito que a frase deveria ser diferente. O que fica quando os filhos saem de casa? O relacionamento dos cônjuges deve ser prioridade, porque é aquilo que fica quando os filhos saem de casa. Filhos, que são criados por pais que se dão bem, se sentem livres para levantar voo e seguir os seus planos e sonhos. Quando o relacionamento dos pais é frágil, os filhos se sentem presos aos pais. Eles estão com asas cortadas.

O relacionamento com os filhos:
Ame os seus filhos, eduque e os encaminhe, mas deixe eles livres. Eles vão te amar sem obrigação e em liberdade. Eles vão ter gratidão sem se sentir presos. Khalil Gibran resume os meus pensamentos quando ele diz: "Seus filhos não são seus filhos. Mesmo que estão com vocês, não pertencem a vocês. Dêem eles amor, mas não os seus pensamentos." 

Conclusão:
Mães, priorizem o relacionamento com o seu cônjuge e vocês vão criar filhos saudáveis e livres! Os meus três filhos estão todos morando e estudando fora. Nós nos entendemos muito bem e eles vão ser sempre os meus filhos ligados a mim e meu marido com laços de amor e gratidão.